sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ALGUMAS RELEXÕES SOBRE AS ACUSAÇÕES DE XENOFOBIA CONTRA A FRANÇA

Não raro as medidas do governo Francês no que toca as liberdades religiosas e as medidas protencionistas da nação francesa contra a invasão estrangeira esbarram em discussões pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão. Os exemplos que sempre vêm à baila são a proibição do véu islâmico e, agora, a questão dos ciganos romenos. Conheço a França razoavelmente bem e tenho um profundo respeito pela cultura francesa. Concordo que a linha entre o nacionalismo desenfreado e as ações que visam proteger uma cultura seja demasiado tênue. Sem a menor sombra de dúvidas esse tipo de ação pode levar, e a história nos mostra, a extremos e à ascensão da extrema direita. Um exemplo extremo disso foi Hitler e o Nazismo. Contudo é preciso compreender o contexto que fez o povo francês, através de seus representantes, tomar certas decisões polêmicas.
A França sempre foi um país de exílio. Recebeu e ainda recebe perseguidos políticos e exilados do mundo inteiro. Acho uma injustiça tremenda tachar a França de xenofobista. O que se assiste na França desde algum tempo é a invasão dos ciganos romenos e de pessoas vindas do mundo islâmico. Quanto aos ciganos posso apenas dar uma impressão pessoal. Na última vez que lá estive vi enormes acampamentos ciganos que tomavam as entradas das cidades. Sujavam tudo. Onde passavam deixavam um rastro de sujeira e destruição e ainda há a alegação da população de que eles estejam envolvidos com roubos e delinquência. Essa foi a minha impressão pessoal e também a impressão de boa parte da sociedade francesa. Talvez não concorde com as medidas, mas entendo muito o medo e a rejeição da população francesa a esta “invasão”. Mesmo no Brasil, ciganos não são bem vistos, nada conheço dessa cultura, nem de suas origens, mas devo confessar que minha imagem pessoal não é muito favorável. Pelo menos quanto aos que levantam acampamentos, sujam as cidades e amedrontam a população que tende a ficar na defensiva. Talvez nos falte compreensão histórica e integração.
Quanto ao véu islâmico, depois que seu uso foi proibido nas escolas francesas, muitas meninas têm dito que usavam o véu por imposição familiar e que após sua proibição conseguiram integrar-se com colegas de sala com quem jamais tinham tido proximidade: o véu separa, sua proibição integra. Vale lembrar que a proibição se extende a todo e qualquer tipo de símbolo religioso ostensivo, sejam eles judeus, cristãos ou mulçumanos. Para a pátria onde nasceu o feminismo, ver mulheres cobertas andando pelas ruas não é coisa fácil. Na maioria das vezes tudo que vem de imposição cultural, religiosa e familiar, o povo francês vai tender a repudiar. É da essência deles. É uma discussão muito difícil e ainda que opinando aqui e ali, prefiro refletir com contra-argumentos, pois o medo do extremismo também é real e legítimo. Não saberia como estabelecer limites. A única coisa que posso dizer é que querendo ou não, não gostaria de ver meu país invadido por uma etnia que por onde passa deixa um rastro de sujeira e destruição. Não gostaria tampouco de ver o Brasil invadido por uma etnia na qual as mulheres andassem cobertas pelas ruas. Não são nossos valores e isso nos agrediria exatamente como agride o povo francês.
Essas pessoas possuem nações que compactuam com seus princípios, o problema é que imigram para países ocidentais sem jamais se integrarem aos costumes dos mesmos. Isso me faz lembrar o Pacto Social de Rousseau, onde o indivíduo que vive numa determinada nação, para uma determinada nação decide imigrar ou numa determinada nação decide permanecer, com ela precisa estabelecer um contrato no qual ratifica os ideais e os costumes da sociedade escolhida. Caso não faça isso este indivíduo é considerado um estrangeiro entre os cidadãos. Isso não é preconceito, nem atentado à liberdade de expressão, é um imperativo social.
Em muitos países islâmicos as mulheres ocidentais são obrigadas a usar véus se quiserem visitar tais nações, sob pena de, do contrário, serem agredidas nas ruas. Se entendermos a proibição do véu islâmico como uma arbitrariedade e uma atitude xenofobista e preconceituosa temos que entender a obrigatoriedade de seu uso por mulheres ocidentais no mesmíssimo âmbito.
A França é um país orgulhoso de sua cultura e de sua língua. É talvez o país ocidental que mais influenciou filosoficamente o ocidente, através de seus sábios, de sua literatura, de movimentos como o Iluminismo e a Revolução Francesa. Contudo, a mesma França enveredou-se pelo imperialismo e junto com a Inglaterra partilhou a África. Juntas subjugaram nações mulçumanas e travaram na década de 60 sangrentas guerras de independência coloniais. Com a facilidade do conhecimento da língua, espalhada pelo imperialismo e a proximidade com a África, a França e outros países colonialistas do século XIX sofrem hoje com a imigração de pessoas vindas de suas ex-colônias. Há uma dívida histórica a ser paga e como dizia uma querida professora de história que tive (talvez plagiando algum pensador): “o chicote sempre volta no lombo de quem mandou dar”. No entanto, a discussão precisa ser colocada pelos dois lados em outro âmbito, longe das paixões e extremismos.
Se colocarmos na balança, a contribuição positiva da França para a cultura ocidental pesará muito mais do que o pragmatismo que levou este ou aquele governo a atitudes condenáveis. A suposta intolerância dos franceses à cultura mulçumana hoje, nada tem a ver com colonialismo em si. Tem muito mais a ver com duas visões de mundo distintas: uma ocidental e outra oriental. Não é por acaso que este choque hoje ocorre em solo francês. Não consigo vislumbrar outro país onde tal embate pudesse ser mais acirrado. O país que nos trouxe os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, ainda que se desvirtuando aqui e ali, não consegue aceitar com facilidade a existência de realezas, de extremistas religiosos, de ingerências contra a liberdade feminina ou de países onde o poder religioso e o Estado se confundam. Imagine quando esse país é invadido por valores retrógrados vindos de fora e que tantos franceses combateram?  Muitos foram os pensadores franceses que travaram uma verdadeira luta pela democracia, liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos humanos.
A França tem dificuldade de digerir que, em pleno século XXI e em seu solo, mulheres sejam obrigadas, por tradição, família ou maridos, a cobrirem seu corpo como se algo de vergonhoso devesse ser coberto. Aceitar que isso exista em uma nação estrangeira é uma coisa, aceitar que isso ocorra em seu próprio país é outra coisa muito diferente. Isso certamente é enfrentado pelos franceses como um retrocesso de conquistas sociais das quais historicamente foram paladinos. A postura da França para mim é resumida na frase de um grande francês, Voltaire, que dizia que às vezes era necessário "ser intolerante por amor à tolerância". Logo Voltaire que também nos deu máximas como: “não estou de acordo com o que você fala, mas lutarei até a morte para que tenha direito de dizê-lo” e que foi um grande pregador da tolerância.  A questão é complicada e os frutos das medidas que tanto movimentam a opinião pública francesa e a comunidade internacional só poderão ser positivos se, de um lado o povo francês souber distinguir a defesa de seus ideais humanistas da xenofobia e do outro os muçulmanos e ciganos entenderem que, caso decidam integrar uma nação, esta nação pode ter valores e ideais muito diferentes dos seus. Os dois lados têm muito a entender e muito a refletir e não tenho pudores em dizer que, historicamente, os franceses são mais dados à reflexão. Considerando-se isso a responsabilidade do povo francês é enorme, pois são os maiores responsáveis pela condução do debate e serão os maiores responsáveis pelas conseqüências das atuais medidas, sejam elas boas ou ruins.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DO QUE A ELITE GOLPISTA BRASILEIRA TANTO SE RESSENTE.


Quem acompanha o processo eleitoral brasileiro nesse ano de 2010 talvez tenha se deparado com a grande ferida ainda aberta na “Boa” Sociedade Brasileira: a perda do poder da elite golpista nacional. O que assistimos dia após dia é o resultado do acuamento de uma elite que perdeu o poder que por tantos anos exerceu sobre o povo brasileiro. O histórico nacional nesse sentido e os golpes impetrados pela elite brasileira ao processo democrático foram inúmeros. Não saberia aqui remontar ao Império e analisar as prováveis ingerências da elite nacional na manutenção do poder naquela época. Contudo, é fácil lembrar de algumas frases de nossos professores de história, de alguns bons livros lidos e porque não recorrer à nossa própria memória histórica para enumerar algumas das vezes em que nossa democracia sofreu golpes, sejam eles de estado sejam eles de mídia.
“Façamos a revolução antes que o povo a faça”, célebre frase de um estadista brasileiro, que antevendo o rumo insustentável de um governo onde o povo não teria voz, lançou mão do populismo, dando ao povo conquistas sociais que mundo afora já tinham sido consolidadas e conquistadas. Getúlio viu isso muito bem. Do alto de sua engenhosidade política deu ao povo o que ao povo já pertencia, ainda que potencialmente. Deste modo, acalmou-se os ânimos, evitou-se a revolução e garantiu-se mais alguns anos de tranqüilidade no poder. Contudo, não podemos esquecer de que, ainda que controverso, Getúlio deu início a grandes transformações sociais, notadamente nos Direitos Trabalhistas e na criação de grandes estatais que hoje são fundamentais para o nosso país. Não é de se espantar que a elite golpista nacional já emitia rugidos ferozes diante desse tipo de política. A elite direitista nacional sempre andou de mãos dadas com os golpes e atentados à nossa democracia. Dando um salto na história e certamente deixando para trás outros episódios semelhantes, chegamos ao momento onde a estratégia do Golpe nos valeu páginas das mais tristes de nossa história. Bastou a potencialidade de um discurso social, de distribuição de renda e de reforma agrária para que a elite nacional desferisse seu golpe mais sangrento à democracia: o Golpe Militar de 1964. Golpe amplamente apoiado pela “boa” sociedade civil brasileira. Veio então o processo de redemocratização do país. Longo e demorado, oriundo do desgaste da própria ditadura e com os militares nos deixando um país quebrado, com uma dívida externa astronômica e o pior: muitos políticos oriundos dessa época que por muito tempo assombraram e outros ainda assombram o Congresso Nacional.
Nossas primeiras eleições diretas desde aquele Abril de 1964 foi resultado de outro golpe. Desta vez inaugura-se no país o Golpe de Mídia, cuja grande paladina é a rede Globo de Televisão. A elite mordida, acuada pela queda de um regime militar que lhe assegurou o status quo, temeu a voz do povo que vinha do ABC Paulista.
Contra o povo construiu-se uma falácia, a grande alternativa, o saudável, o simpático herdeiro das oligarquias nordestinas: Fernando Collor de Melo. Suas saudáveis corridas matinais eram veiculadas dia após dia pela Globo que sempre contrastava seu rosto liso, seu sorriso largo e seu porte elegante com o do barbudo, carrancudo, ignorante, extremista, radical, perigoso e iletrado metalúrgico do ABC Paulista. Sustentado pela elite, filho direto dela e moldado para mantê-la no poder, Collor foi eleito. Não demorou para que a verdade se escancarasse aos nossos olhos: uma mentira tinha sido colocada no poder. A mesma mão que o colocou no Planalto, ou seja, a Globo, de lá o arrancou, saindo deste modo incólume de um processo que envolveu entre outros, mansões, marajás, enriquecimento ilícito das elites, cujo estômago não tem fundo e até mesmo assassinatos nunca esclarecidos à população. A elite brasileira e seus paladinos têm as mãos sujas de sangue. Entretanto, continuou com armas poderosas que a manteria no poder por um bom tempo ainda.
Amargamos um período de grande melancolia, uma população empobrecida, uma inflação assustadora e um cenário onde a política nacional freqüentava mais páginas policias do que políticas. Eis que um sociólogo, cujo pensamento desmoronou com o tempo e que mais tarde mandou que se rasgasse seus livros, encabeçou o grande projeto nacional: o controle da inflação. Do sucesso deste projeto dependiam mais alguns anos da elite no poder. O controle da inflação, paliando o desespero popular, fornecia um forte argumento para que se elegesse, mais uma vez, um filho da elite: Fernando Henrique Cardoso. Seu nome e o sucesso ainda incipiente do controle inflacionário forneceriam mais alguns anos de argumentos para que se mantivesse a elite no poder. Elite que já batia nas portas dos 500 anos de hegemonia, 500 anos de uma política anti-povo, 500 anos em que a Casa Grande permanecia de pé, sustentada pela mão-de-obra vinda da Senzala, seja ela assalariada ou não. Aos 45 minutos do segundo tempo a elite dá mais um golpe: aprova uma emenda constitucional que lhe daria mais 4 anos de poder e que ensejava seu tão sonhado, mas em seguida frustrado projeto: permanecer por mais vinte anos no poder. Da conjuntura que se permitiu mais este golpe nada se apurou. Entretanto, sua concepção só foi possível através da compra de votos do Congresso Nacional e do esperado silêncio das cortes supremas do país. Foram mais 4 anos em que a Casa Grande imperou absoluta sobre a Senzala.
Rojões são ouvidos, data digna de bailes palacianos e imperiais. Feliz Aniversário. Em 2000, a nossa atual sofrida e ressentida elite golpista festejava 500 anos de hegemonia. Nada mal! Entretanto ela tropeça em si mesma. Aliás, tropeça em seu maior inimigo, o ego inflado de Fernando Henrique Cardoso. O então presidente despenca de popularidade, entra na espiral da rejeição, deixa transparecer aqui e ali o nojo que tem de seu povo, de seus pobres, de seus aposentados. O país sofre sua maior espoliação: o patrimônio nacional é vendido aos quatro ventos em privatizações espúrias que sangraram o patrimônio nacional na medida em que se vendia grandes empresas a preço de banana e sem o devido funcionamento das agencias reguladoras.  A arrogância e a prepotência do presidente seriam as principais armas (e talvez as únicas) que puderam, em seguida e de modo inesperado, levar a Senzala ao poder.
O desgaste é enorme, a insatisfação nacional fica difícil de abafar e A Esperança Vence o Medo. Mas a elite golpista nacional não cede fácil e tenta mais um golpe amparado pela sua mão mais pesada: a mídia. Suas duas armas mais poderosas são até hoje a GLOBO e a VEJA. Basta entrar nos arquivos da revista VEJA e ver as capas da época. Basta lembrar das frases da Global Regina Duarte: Eu Tenho Medo. A elite brasileira parece um bezerro que jamais desmama, um elefante gordo, pesado e envelhecido, mas que insiste em se arrastar nas tetas da mãe. Um parasita. À mando de seus interesses, a agonizante elite golpista foi capaz de tudo, inclusive colocar a estabilidade política e financeira do país em jogo. Permitiu-se o aumento da inflação e como o povo não se amedrontava mais, tentaram amedrontar o capital estrangeiro. O risco-Brasil atingia valores absurdos e um candidato ainda não eleito teve que ir à televisão dizer que não quebraria o país. E não quebrou.
Choro e ranger de dentes na Casa Grande. Festa na Senzala. Pobres e favelados nadando nos espelhos d’água do Congresso. E que não esqueçamos: uma elite intelectual séria e compromissada com um projeto social também festeja. Nem só de analfabetos, favelados e desdentados vive a democracia. A lista é longa, mas podemos citar Dom Hevaristo Arns, Marilena Chauí, Augusto Boal, Chico Buarque de Holanda, Leonardo Boff, Sebastião Salgado e também a festa no céu, puxada por nomes como Darcy Ribeiro, Gilberto Freire e Dom Helder Câmara. Foram necessários 500 anos para que a maioria da população percebesse que era maioria e que poderia eleger quem quisesse.
Lula passa pelo primeiro mandato com um congresso que só vota pagando, como que cobrando a dívida pela perda da teta secular. VEJA e GLOBO lideram o esquadrão de frente, mas esbarram no inesperado: na pujança econômica do país, na ascensão de classes, na respeitabilidade internacional de um governo, no apoio dos intelectuais e o pior: na popularidade de um presidente vindo da Senzala.
A elite em peso torceu contra, mas seu mau-olhado não podia ter efeito quando do outro lado se tinha a justiça social como escudo. De tudo fizeram e ainda fazem. Não dão valor aos programas sociais do governo, ainda que reconhecidos por órgãos como a ONU e a UNICEF. A elite golpista não é sequer arrogante ao desqualificar o que o resto do mundo ratifica, na maioria das vezes lhe falta erudição para tanto, ela está mais para perdida. Não contando mais com argumentos apocalípticos, sobra-lhe fazer uma oposição louca e pragmática. Sem conhecer como funcionam, qualifica os programas sociais de assistencialistas. Não sabem, por exemplo, que no programa nacional de habitação as pessoas pagam, na medida do possível, por suas casas. O que seria melhor? A ouvir a voz anacrônica da elite golpista nacional talvez a saída fosse continuar o processo de favelização de nossas cidades que é herança maldita dos 500 anos em que ela esteve no poder. Durante 500 anos nossa “boa” sociedade ignorou que a maioria da população agonizava às portas de suas mansões. No processo de desqualificação e desconstrução de um projeto de sucesso abre-se mão de todo o pudor e o pragmatismo rola solto. Com argumentos espúrios e falsetes transformam quem lutou pela democracia em criminoso e de quebra transformam as mãos sangrentas dos generais em heróicas obreiras da paz. A ouvir seus argumentos transformaríamos Nelson Mandela, Prêmio Nobel da Paz, em bandido e o Apartheid em justiça social. A elite tenta inverter os valores da democracia e injeta nos jovens, que não sabem ou não tiveram bons professores de história, os mais perigosos, desumanos e nocivos anti-valores.
Temos uma eleição plebiscitária. De um lado a velha elite golpista representada pelo PSDB e do outro lado o PT que trouxe sim uma alternativa de crescimento para o país e que soube aliar inclusive, os interesses da própria elite. Parte dela, percebeu isso. Muitos empresários se deram conta dessa nova realidade. Perceberam que com justiça social suas empresas podem mais. Espertos? Sem dúvida. Getúlios modernos antevendo o óbvio. Descobriram que não há mais espaço para trabalho escravo, desvalorização do ser humano e exploração. Crescerão de braços dados com essa nova realidade que é mundial e ajudarão o país a crescer. O contrário só se observa ainda em rincões do país onde o coronelismo re-moldado impera, onde se desvaloriza o ser humano, onde se explora a mão-de-obra barata e de onde provavelmente mais saem deputados e senadores de partidos como PSDB e DEM. Cidades longínquas onde a elite agonizante ainda resiste, mantendo-se agarrada nas tetas seculares.
A política do Estado Mínimo (que tem no PSDB defensores roxos) e os excessos do liberalismo levou o mundo à crise econômica que por pouco não fez ruir o que começamos a construir. No entanto sobrevivemos. Sim. Para o ódio dos que torcem contra. Graças aos programas sociais, ao aquecimento do mercado interno, à ascensão de classes e à tremenda competência dos ministros do atual governo. O último passo, a carta de alforria final só virá quando tivermos no país uma imprensa séria, a favor do crescimento, do desenvolvimento nacional, de um projeto de Brasil para todos os Brasileiros. Essa imprensa, todavia ainda não existe e continua a mando da elite ressentida. Basta abrir diariamente a imensa maioria dos jornais e revistas que circulam em Minas Gerais e no País ou assistir a TV Globo, para ver o espetáculo de parcialidade e o poder que essas elites anacrônicas e desesperadas ainda exercem sob a inculta opinião pública nacional.
A grande virtude de um novo governo será impor limites legais e constitucionais que poderão nos livrar de uma vez por todas do poder da mídia aloprada que age sempre a mando dos interesses mesquinhos e anti-povo de uma elite ensandecida. Nossa democracia não pode prescindir de uma imprensa série e isenta.
Chegou a hora de nos re-erguermos, de levantar a cabeça e ficarmos alertas, pois tão logo se aviltar a possibilidade, a elite golpista nacional, com suas mãos historicamente sujas e seu passado maquiavélico, tentará chegar ao poder novamente. Precisamos consolidar nossas vitórias no âmbito social, precisamos transformar o Brasil num país de classe média que não mais ficará à mercê dos interesses espúrios da elite ressentida.
Chega de Casa Grande! Inauguramos o ciclo da Senzala e precisamos mantê-lo para que o retrocesso social não volte a fornecer os escravos e as tetas de cuja falta tanto se ressente nossa falida elite golpista e em cuja origem repousam os troncos da escravidão.

Antes que perguntem, peço a Fernando Pessoa que por mim responda...

"O Guardador de Rebanhos".
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.