Que a eleição presidencial do ano passado foi uma das mais sujas da história do país todo mundo já sabe. Ver o PSDB alinhadíssimo com suas bases falso-moralistas e seus discursos misóginos e sectários também não foi novidade. O que me deixou realmente irritado foi a tentativa de se jogar para cima da Dilma um dossier preparado contra o então candidato do PSDB. Desde aquele período eu já sabia, por fontes aqui de Belo Horizonte, que isso era coisa interna, queda de braço entre Çerra e Aécio Never na disputa pelas prévias tucanas. O dossier era fruto de investigações feitas por um jornalista que trabalhava dentro do jornal Estado de Minas, como todos sabem, um apêndice do governo do estado. Saber disso e ver a palhaçada veiculada na mídia foi um tanto nauseante. Creio que nunca me envolvi tanto numa disputa presidencial e com certeza isso serviu para me mostrar o quanto caminhamos a passos lentos quando o assunto é informação (ou a falta desta).
Fato é que o tal jornalista concluiu sim uma bomba a respeito das privatizações vergonhosas da era FHC, presidente que, como diz o Delfim Neto, conseguiu a façanha de vender o patrimônio do país e se endividar. Isso realmente é só para quem sabe fazer. O livro bomba, cuja primeira edição se esgotou em menos de 48 horas promete lançar uma luz sobre a idade das trevas que foram os anos FHC, anos em que NADA era investigado no país, nem denunciado pela imprensa que seguia segura, feliz e contente com garantia de que seu monopólio familiar continuaria intocado. Foi preciso esperar muito tempo para que o assunto pelo menos voltasse à baila e para que se possa, enfim, entender o maior saque já feito ao patrimônio público brasileiro. Teremos direito a tudo: Daniel Dantas, Paraísos Fiscais, o Serra, a Filha do Serra, o cunhado do Serra, a irmã do Dantas, ex-ministros e funcionários do governo FHC lavando, esquentando e esfriando dinheiro obtido com as privatizações para alimentar os cofres eleitorais tucanos. Se existe uma diferença entre os anos FHC e os de hoje é que hoje se apura, hoje se investiga, hoje o ministério público e as procuradorias não são mais amordaçadas como foram nos anos FHC. Enfim faz-se um pouco de luz. Segue um pequeno texto sobre o livro e sobre o autor, o jornalista Amaury Ribeiro Jr.
O autor do livro “A Privataria Tucana” (Geração Editorial), o jornalista Amaury Ribeiro Jr., afirmou que está “preparado para a guerra”, caso o ex-governador de São Paulo José Serra ou outros políticos do PSDB o processarem por causa dos documentos e denúncias divulgadas na obra. “Cada um, antes de me processar, deve pensar bem porque tenho reserva de troca e vão levar chumbo também. Sabia que poderia ser processado e estou preparado para isso. Usei apenas documentos públicos e tenho provas de que escrevi apenas a verdade”, garante Amaury, em entrevista ao Yahoo! Brasil. “Pode vir quente que eu estou fervendo”, completa.
Segundo o jornalista, ele tem material para fazer outros livros de denúncia, mas não quis adiantar os temas. “Tenho material para mais quatro ou cinco livros nesse mesmo mote. Não tenho medo desse povo”.
Sobre a possibilidade beneficiar Aécio Neves como candidato do PSDB às eleições de 2014, Amaury disse que não escreveu o livro para agradar ou desagradar ninguém. “Vi o Aécio Neves apenas uma vez e não o cumprimentei. Não tenho a intenção de nada, cheguei até a desagradar meus amigos. Na minha lógica, ninguém ia ler esse livro”, minimizou.
Amaury se diz surpreso com o sucesso de vendas. “É um sucesso que ninguém esperava, uma coisa estrondosa. Já vendemos 15 mil cópias e temos pedido para mais 70 mil exemplares. Não tivemos o apoio dos grandes veículos, mas tenho as redes sociais ao meu lado”, comenta.
Sobre o livro
A obra relata irregularidades durante o processo de privatizações de empresas públicas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O personagem central dessa história é o ex-governador de São Paulo José Serra, então ministro do Planejamento de FHC. O sucesso da publicação é tamanho que o e-book já está disponível na web e o assunto ganhou a hastag#PrivatariaTucana no microblog Twitter.
A obra, de 343 páginas, apresenta documentos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, recolhidos em fontes públicas, como arquivos da CPI do Banestado.